Gosto de falar sobre o que acontece comigo, acho saudável, porque sei o que realmente senti, e tento expressar da melhor forma possível através das palavras, tento ser objetiva, mas é sempre falho, e escrevendo isso agora, me recordei de meu marido que sempre quando vou lhe contar algo quer seja um acontecimento semanal, ou até mesmo histórico, demoro a concluir e ele logo entoa: -“Ham, e aí, RESUME!!, pontua ele, deveras não sou boa em resumir, um dia chego lá, ou não rs.
De antemão, afirmo que já é um cacoete meu observar detalhes do que acontece no passar dos meus dias, por vezes, passo horas a fio pensando em determinado assunto/problema/pregações/estudos etc. Exponho estes a alguns amigos, compartilho-os com meu esposo e outras reservo-os para mim, para o meu próprio aprendizado.
A constância do querer saber, aprender, descobrir, é salutar pra nossa fé, desde que não seja de modo excessivo e especulativo, aliando sempre no campo do conhecimento de Deus razão e espiritualidade e sabendo que ambas têm que andar juntas, entendendo sempre que Deus é imanente e transcendente, e como sempre digo, não podemos resumir Ele (Ser ilimitado) dentro de uma “caixinha”.
Sob esse mesmo ponto de vista (de que sou observadora), cheguei, essa semana em lugar, onde fui convidada a levar algumas breves palavras; ali era um campo diferente do que me é costumeiro. Não que seja fácil a exposição das Escrituras em algum lugar específico, sei que requer tempo, amor, zelo, oração, contudo, naquele ambiente eu não poderia explanar algo que fosse de difícil compreensão (não que a Palavra de Deus seja), todavia, ali estavam pessoas usuárias de drogas, alcoólatras, ex detento(s), enfim, era um recinto diferente ao qual estou acostumada. O que tinha em mente era: preciso de palavras básicas, lembrava-me de Paulo, quando dizia, sobre não falar em palavras de sabedoria humana, e dentro desse contexto, sem parecer exagerada, meu coração começou a pulsar mais forte.
Me sentei ao lado de um deles e comecei a olhar todos aqueles que ali estavam, e e faço ressaltar aqui uma das atitudes de Cristo com o jovem rico quando a palavra diz que Ele fitou os olhos nele e O AMOU, e eu, talvez não na intensidade de Cristo claro, fitei os olhos neles e os amei, Deus assim sabe! Lágrimas corriam, por enxergar como o campo é grande mas tão poucos aqueles que se dispõe a trabalhar.
Um deles sentado ao meu lado, cheirava muito a cigarro (era usuário) senti na pele sua necessidade de algo que pudesse o acudir, percebi que no decorrer daquele momento de culto, ele amarrava uma pulseira em seu braço (dessas feitas de fio encerado, bem simples), com muita dificuldade ele conseguiu coloca-la. Vi que tinha outra, sobrando, e a pedi pra mim, e ele disse “Moça, não serve no seu braço, ela é o que resta, já tá bem curta”, eu retruquei, mas tenta, acho que dá sim; Sei que parece quebra até de “decoro”, porém tudo isso estava acontecendo enquanto ocorria os louvores, e algumas orações (portanto não façam isso srsr). Resumindo, até o momento em que me foi dada a oportunidade ele não conseguiu pôr em mim devido já ser bem “curtinha”, como supra citei.
No momento que comecei a falar meu coração não mais se preocupou com palavras bonitas, ali eu os recordei que nós éramos iguais perante ao Senhor, todos pecadores, carentes da glória de Deus, e esse reconhecimento do que nós somos (pecadores e carentes), se dá pelo trabalhar do Espírito Santo gerando em nós necessidade de crer em Jesus Cristo e partilhar da mesa com Ele.
Eu explanei a eles que distintivo ali não era minha etnia, condição social, aparência, cargos eclesiásticos, se eu era ou não viciada em algo, se eu era ou não considerada com escória da sociedade ou bem aceita por ela, e pude concluir com eles que, o que difere os homens uns dos outros é com quem eles tem comunhão, partindo sempre da premissa que a única beleza do ser humano, ou melhor, o único valor reside não no fato de sermos “destaques” caso isso não nos faz “sentar na mesa” com Cristo e O seguir por onde quer que ele vá. Todos continuamos pecadores e destituídos da Glória de Deus, caso Cristo não habite em nossos corações; Por mais publicanos e pecadores que sejamos, se Cristo estiver conosco, ele nos salvará de nós mesmos e de nossos desejos carnais, e compartilhará aquilo que lhe é próprio, amor, santidade, paz, alegria, a saber o Fruto do Espirito.
Eu, cada vez que os olhava os amava mais ainda.
Finalizei dizendo: vocês são iguais a mim, e nós seremos partes de um mesmo organismo, se vocês dobrarem os seus joelhos e rogarem a Deus pra que Ele converta os vossos corações e nos façam membros uns dos outros, diferentes em funções, porém, arraigados em um só Corpo.
Orei com eles e me sentei.
O texto todo não era apenas para contar sobre o que ali falei.
Pra minha surpresa, o jovem da pulseira, tinha ficado ali, sentado e continuava "fuçando" naqueles fiozinhos (mas ele fez questão de ressaltar que tinha escutado o que eu ali dissera, srsr), ele tentava adaptar pra que de alguma forma ele pudesse me presentear, e para a minha surpresa, ele tinha conseguida dar dois nós em cada ponta, fazendo com que sobrasse alguns outros fios, e por fim ele conseguiu dar o nó e pôr em meu braço e terminando ele sorriu e disse: “Deu certo moça, agora não vai soltar mais”.
O que ele conseguiu com isso?
O que ele queria em troca?
O que ele ganhou com aquilo?
Nada além de uma muito obrigada e um desejo ardente de o ver caminhando com o nosso Senhor;
Eu presumo que a minha surpresa se dá ao fato de estarmos tão insensíveis que não conseguimos mais fazer algo quando não se é mandado ou quando não vai haver recompensa humana.
Há algo de tão especial dado por Deus em todos os humanos, todavia, a envergadura que nós Cristãos temos, tem sido tão mal utilizada que uma ação altruísta daquele rapaz (mesmo que pequena), me fez lembrar, que eu não fiz nada pra merecer, mesmo assim ele se esforçou e fez e me deu (gratuitamente) e ainda com um sorriso no rosto afirmou: Não vai soltar mais e selou-a com um nó!
Pegando esse pequeno exemplo, analiso mais uma vez a obra que Cristo fez a nosso favor, nos deu tudo que precisávamos sem que merecêssemos e a consumou... nós todavia nem gratos sabemos ser...
A sua fé não é comprovada pelo que você fala e sim pelo que você faz dia após dia como oferta de gratidão ao Senhor, não mais trabalhando "pagando preços" como alguns dizem, mas por saber que o preço fora pago! É Graça, pela Graça, então agradeça.
Que Deus nos fortaleça HOJE.
Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, (...). E sejam agradecidos.
Colossenses 3:15
Nayssa Nara