Introdução à Teologia do Pacto




INTRODUÇÃO À TEOLOGIA DO PACTO
Cléa de Assis Nobre Cavalcante[1]


INTRODUÇÃO


A teologia pactual estrutura todo ensino reformado nas diversas áreas da vida cristã. É a partir teologia pactual que estenderemos que ela está intimamente ligada a cristologia, a eclesiologia e a vida cristã prática, ou seja, ela integra todo o ensinamento Bíblico.
            Quando atentamos para uma leitura mais precisa das Escrituras, percebemos que a teologia do pacto é apresentada de forma implícita desde o princípio. Vemos que quando Deus faz um pacto com o homem, às promessas e maldiçoes estão contidas no texto (Gn 2.17). Conforme Robertson, “Aliança é um pacto de sangue soberanamente administrado. Quando Deus entra em relação de aliança com os homens, Ele de maneira soberana institui um pacto de vida e morte” (ROBERTSON, 1997, p.8, grifo do autor). Quando estudamos a verdadeira teologia, descobrimos que Deus sempre se revela forma pactual com seus eleitos.
            Quando Deus decide criar o homem, ele o cria com um propósito pactual. Ele falava com o homem diariamente “na viração do dia”. Deus se inclina, num estado de condescendência, mesmo não necessitando do homem, decide manter um relacionamento com ele. O Senhor estabelece um pacto com o homem quando ainda estava em seu estado de inocência. Deus o coloca no meio do jardim e lhe dar uma ordem que contém bênçãos e maldições. “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).
            A confissão de fé de Westminster, capítulo VII e seção I, mostra como Deus decide curvar-se para manter um relacionamento direto com o homem.

A distância entre Deus e a criatura é tão grande que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência como seu Criador, contudo nunca poderiam fluir nada dele como sua bem-aventurança e recompensa, senão por alguma voluntária condescendência por parte de Deus, a qual agradou ele expressar por meio de pacto. (CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER, 1999, p.157).

A ideia aqui, é que Deus teve que se rebaixar ao nível do homem, como seu amigo, coisa que jamais aconteceria partindo do homem. O pacto possibilitou ao homem um relacionamento profundo com seu Criador e Senhor.
            Vimos que no primeiro pacto com Adão (pacto de obras), ele falhou, consequentemente, a morte veio como punição a ele e seus descendentes (Gn 2.16-17; Os 6.7). Todavia, enquanto o primeiro Adão nos presenteia com a morte, por sua desobediência, Deus faz uma nova aliança (pacto da graça), o segundo, em Cristo, somos beneficiados com a ressurreição, nele, todos os eleitos serão vivificados (1Co 15.22). Por fim, observaremos a importância de estudarmos as Escrituras numa perspectiva pactual, aplicando a cristologia, a eclesiologia, e a família cristã.

1.    Introdução à teologia do pacto

            O que é a teologia do pacto? A palavra pacto significa, conforme o mini dicionário de língua portuguesa, “ajuste”, “convenção” ou “contrato”. As mesmas definições servem para dar significado a palavra aliança. No hebraico, o substantivo é traduzido como berith (ytiÞyrIB) e aparece cerca de 290 vezes no Antigo testamento, sendo 76 vezes somente no Pentateuco. Em toda escritura, vemos vários acordos, alianças ou pactos. Abimeleque e Isaque (Gn 26.26-31), Josué e os Gibeonitas (Js 9.15), Salomão e Hirão (2Rs 5.12) Davi e Jônatas (1Sm 20.3, 16 -17). O casamento também é apresentado como uma “aliança”. Duas pessoas se unem, se casam, fazem uma aliança (Ml 2.14).
            A ideia que temos por definição, é um acordo ou pacto realizado entre duas partes. Conforme observamos, existem muitas divergências quanto a etimologia. Enquanto que para alguns estudiosos o termo berith (ytiÞyrIB) procede do assírio birtu, significando “laço” ou “vínculo”, para outros, a etimologia vem da palavra barah que quer dizer “comer”, o que seria concernente a realizar cerimônia para selar acordos. Por fim, outros defendem uma ligação a preposição bein “entre”, contudo, a primeira definição é aceita pela maioria dos estudiosos.
            Entendendo que o pacto é um acordo, podemos então considerar que o pacto entre Deus e o homem terão as mesmas implicações para ambos, ou seja, devemos dizer que ele é bilateral quanto se fosse entre dois homens? Todo pacto deve ser acordado com direitos e deveres iguais? Como devemos entender que apesar de se tratar de uma acordo entre duas pessoas, o pacto que é feito a partir da iniciativa divina, sendo assim, difere da que é feito entre dois homens? E se é um acordo, como só uma parte ordena (Deus) e o homem torna-se apenas receptor? Nesse sentido, não seria um pacto “unilateral”?
            Diante de tais questionamentos, é preciso deixarmos claro que, existe uma grande diferença entre um pacto feito entre dois homens e um pacto feito entre Deus e o homem. Deus e o homem não são apresentados na Bíblia como partes iguais, pois Deus é soberano sobre toda vida humana, ele é o idealizador da aliança, parte dele, fazê-la (Gn 17.2). Isso nos ensina que num pacto firmado entre Deus e o homem, é sempre Deus quem estabelece os termos, e ao homem compete apenas o cumpri-lo, mesmo tendo uma conotação “unilateral”, o homem aceita, dessa forma, ele precisa obedecer para ser beneficiado com as promessas, logo, um pacto entre Deus e o homem sempre difere de um pacto feito entre dois homens.
            A teologia do pacto é uma abordagem feita a partir do entendimento das Escrituras, ele explicar biblicamente a unidade da revelação. A teologia pactual ensina que é através da Bíblia que encontraremos explicações profundas para nosso entendimento sobre o significado da morte de Cristo, a segurança contida e sua obra, os sinais e selos presentes nos sacramentos, ou seja, é a história da redenção sendo contada do início ao fim das Escrituras. Nela, entendemos que todos eleitos são beneficiados pela obra redentora de Cristo. A doutrina do pacto é uma consequência do ensino da verdadeira teologia, ela coloca Cristo no centro de toda história.
            A teologia pactual permite-nos olharmos para Escritura de maneia interligada, ou seja, percebemos uma conecção contínua entre as alianças. Vemos que o termo está presente em todo conteúdo do Antigo e Novo Testamento. Há uma linha tênue, de modo que mesmo a escritura sendo escrita por vários autores, em gênero diversos literários, percebemos que várias alianças foram feitas e registrada em todo decorrer da história com um mesmo propósito, apresentar Cristo como nosso mediador e salvador. Isso prova que Deus tem prazer em relacionar-se com seu povo por meio de alianças, e ele sempre o fez por meio de um representante (Gn 2.27).  
            A ausência dessa teologia, provavelmente o que teríamos eram mandamentos dos quais o homem nunca conseguiria cumprir para chegar a salvação, uma vez que temos o conhecimento da doutrina da aliança, descobrimos que temos um redentor que cumpriu um acordo pactual, feito entre o Pai e o Filho para nos alcançar e nos redimir. É nessa aliança que somos beneficiados, Jesus veio trazer salvação, ele veio e fez aliança com Seu povo.
            Na perspectiva aliancista, vemos que o Novo Testamento é uma confirmação das promessas que foram feitas anteriormente (Antigo Testamento) e que são renovadas e cumpridas na Nova Aliança.  A teologia pactual faz com que enxerguemos a Escritura com um senso de continuidade, como sendo uma única história de relacionamentos, ou seja, ainda que percebamos diversas alianças na história, todas estão interligadas para que possamos compreender o relacionamento entre Deus e o homem.
            Embora o termo pacto não apareça nos primeiros capítulos da Escritura, não significa dizer que o fato de termo ser apresentado depois, o conceito vai diminuir sua definição. O termo trata de uma ideia que foi discutida anteriormente. Implicitamente, a ideia de pacto está contida desde o princípio quando Deus coloca o homem no jardim e lhe dar uma ordem, somos remetidos a um ato de aliança, um acordo que contém ameaças e promessas “porque no dia em que dela comeres, certamente morreras”. Ainda que as promessas não estejam explicitas, entendemos que contrário de morte é vida eterna (Gn 2. 15-17; Rm 7.10).
            Por fim, entendemos que a teologia pactual origina-se da comunhão trinitária que fora estabelecida desde os tempos eternos. O pacto de Deus com o homem, reflete da relação entre o Deus trino. Tudo que vemos na vida de comunhão das pessoas da Santíssima Trindade, é o padrão da relação pactual graciosa de Deus com os Seus eleitos que foram redimidos em Cristo. O compromisso de Deus no pacto eterno de redenção se dar no tempo, no pacto da graça, Cristo cumpre tudo quanto fora ordenado ao primeiro Adão, todas as exigências da lei foram cumpridas por Cristo, a fim de nos redimir. Como veremos, Cristo é o centro da teologia pactual.

2.    A relação da teologia do pacto com a cristologia

            Para discutirmos a relação que existe entre a teologia do pacto e a cristologia, veremos antes, o porquê da necessidade do “Logos” ter encarnado e habitado entre nós, tonando-se nosso mediador (Jo 1.14).  Nosso tema parte da perspectiva Bíblica, na qual entendemos que a história da salvação do homem eclode a partir da aliança que Deus fez com Adão, a partir desse pacto, a história da redenção é contada durante todas as épocas da existência humana. Conforme o registro das Escrituras Sagradas, Deus fez um pacto de vida eterna para a humanidade que se deu em dois momentos, ou “dispensações”. O primeiro com Adão, e o segundo em Cristo, o que chamamos de Nova Aliança, ou seja, após a queda, Deus renova a aliança que havia feito com homem.
            Em Adão Deus faz um pacto antes da queda, (pré-lapsariano) chamado por alguns de pacto de obras, natural ou pacto da criação. Nele, está contido o que homem teria que fazer para ganhar a vida eterna, “não coma do fruto” (Gn 2.17). Adão estava apto a cumprir todas as exigências do pacto, ele teria que apenas obedecer à ordem do Senhor. Todavia, o primeiro Adão desobedeceu e caiu, e quando ele cai, Deus providencia um substituto, Cristo. Nele, o pacto é renovado.
            Quando Deus estabelece o pacto com Adão, seu estado era sem pecado e sua relação pessoal com Deus era direta, contudo, ele preferiu dar ouvidos as astutas de Satanás, e como consequência a comunhão é quebrada, havendo agora, a necessidade de um mediador. Adão em seu estado de inocência tinha aptidão para cumprir as exigências da Lei divina. Essa era a condição do pacto com o homem, perfeita obediência. Deus o criou em perfeição, todavia, não o fez imutável, ele tinha a opção de não obedecer, e ele sabia que no dia que comece do fruto morreria. Embora não tivesse a lei escrita, ele a tinha em seu coração, Deus o criou moralmente bom, mas, ele optou pelo pecado (Gn 3.6; Ec 7. 29; Gl 3.10-12).
            A lei foi posta como símbolo da vontade de Deus “não coma do fruto”, caso não comece do fruto, não o faria mais santo, mas, Adão estaria dando prova de seu amor para com Deus e seu próximo. A natureza da obediência deveria ser de todo coração e por toda vida de maneira perfeita. A lei foi dada sob forma de promessa de vida eterna, ela foi instituída para assegurar a vida (Rm 7.12; 10.5) Na queda, Adão perde seu princípio de autonomia, dispensa o julgo suave de Deus em troca da maldição do pecado, consequentemente todos nós caímos (Os 6.7; Rm 5.12; Gl 3.1).
            O pacto com Adão antes da queda, não havia necessidade de um mediador, pois não havia pecado, então, depois da queda, após sua desobediência, o temor surge em seu coração, havendo então, a necessidade de um mediador. O segundo adão foi colocado em seu lugar, Cristo veio para cumprir todas as exigências da lei, ele obedece toda a lei e imputa sua justiça no homem, esse é o motivo pelo qual somos preservados, pois por obras da lei, ninguém conseguirá ser salvo (Mt 3.15; Rm 3.20).
            A teologia pactual está diretamente ligada a cristologia, pois sem Cristo, não existe história da redenção. Quando nos referimos ao pacto de graça, somos levados a pensar em Cristo e sua obra redentora. Nele, o pacto de Deus é concretizado. Ele executa cabalmente o acordo original, como fiador, ele se coloca e nosso lugar, ou seja, ele compromete-se em assumir nossa culpa diante de Deus, seu único sacrifício foi suficiente para aplacar toda ira divina que seria dispensada a nós, as exigências da lei não aceitaria pagamento menor do que o sangue de Cristo (Hb 7.22; Rm 3.23-26).
            Berkhof vai dizer que Cristo nos substitui, cumpre a pena por nossos pecados, e nos preserva a segurança de vida eterna.

Ele se colocou sob a lei para poder redimir os que estavam sob a lei e que já não estavam em condição de obter vida mediante o seu próprio cumprimento da lei. Ele veio fazer o que Adão não conseguiu fazer, e o fez em virtude de um acordo pactual. Se assim é, e se a aliança da graça é, no que se refere a Cristo, nada mais nada menos que o cumprimento do acordo original, segue-se que este deve ter sido também da natureza de uma aliança. E visto que Cristo satisfez a condição da aliança das obras, o homem pode agora colher o fruto do acordo original pela fé em Jesus Cristo (BERKHOF, 2012, p. 197-198).


            Em Cristo, o pacto de amizade entre Deus e o homem é restabelecido. O Deus Santo, a segunda pessoas da Trindade Santa habitou entre nós para se fazer culpado em nosso lugar. “E o verbo se carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). Cristo se fez maldição em nosso lugar, ele assume nossos pecados e nos livra da condenação eterna (Gl 3.13; Rm 8.1-2).
            Como mediador, Cristo nos reconcilia com o Pai. Calvino diz que após a queda todo conhecimento que o homem possa adquirir a respeito de Deus é insuficiente para a salvação.

Sem um mediador, por certo de nada vale para a salvação o conhecimento de Deus depois da queda do primeiro homem: uma vez que Cristo não fala apenas de sua geração, mas compreende a todos os séculos, quando disse que esta seja a vida eterna: conhecer o Pai, o único Deus verdadeiro, e aquele que Ele enviou, Jesus Cristo (Jo 17.3) (CALVINO, 2008, p. 324).


            Assim, todos os eleitos virão a Deus por meio da pregação do evangelho (1Co 1.21), e reconhecerão que somente em Cristo terão seus pecados perdoados. 
            Lembremo-nos que o nome de Jesus, além de ser um nome pessoal, significa Senhor e salvador “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). Cristo, no grego significa “ungido” e no hebraico “Messias” que remete ao título real, ele é o descendente de Davi, o “Rei Jesus”.
            O pacto da graça é feito em Cristo, o ungido de Deus, o Messias salvador (Jo 1.12; 3.16). A salvação é dada sob aliança, procede exclusivamente da graça divina.  Para ser o salvador de um povo ele precisava ser o ungido. Na obra da redenção, nosso salvador deveria portar os três ofícios. No Antigo Testamento, quando alguém era chamado a exercer qualquer um desses ofícios, eles eram ungidos com o óleo da unção (1Sm 10.1; 15.17; Sl 2.2; 89.20).  Cristo exerceu o tríplice ofício, Profeta, Sacerdote e Rei.
O Profeta é aquele ele revela a vontade de Deus para o povo. Ele revelou a vontade de Deus aos homens, Cristo foi ungido pelo Espírito Santo para fala a nós da parte de Deus. Nele, estão contidos todos os tesouros (Jo 3.16; Ef 1.11; Cl 2.3; Hb 1.1-3). Como Sacerdote, ele é o mediador entre o povo e Deus, Cristo oferece a si mesmo, uma única vez, em sacrifício para satisfazer a justiça divina e trouxe-nos a reconciliação com o Pai, ele é nosso intercessor diante Deus. Enquanto os sacerdotes do Antigo Testamento intercediam e ofereciam sacrifícios a Deus em favor do povo “sombras”, Cristo foi o sacrifício perfeito para nos reconciliar com Deus. Pela imputação, todos que foram colocados sob o sague de Cristo estão limpos de seus pecados (Hb 9.28). Ele é o sumo Sacerdote (Sl 110.4; Hb 5.6; 6.20). Não há mais necessidade de sacrifícios, o que temos hoje é um “memorial” (ceia), pois o cordeiro já foi morto. Por fim, no oficio de Rei, ele governa sobre todo o cosmo, ele é o “vice-regente” de toda criação (Cl 1.15-17). Ele é Rei, aquele que governa sobre tudo e todos (Ap 19.16; 1Co 8.6). Cristo é o cumprimento da promessa feita a Davi, seu reino é eterno (Sl 89. 36-38; Jo 18.36).
            Desde o princípio da criação, percebemos o conceito de aliança, quando Deus cria, ele deleita-se em sua criação (Gn 1.31). Deus sempre se relacionou pactualmente. Percebemos pelo relacionamento de unidade entre as três pessoas da Trindade, existe um pacto de amor. Vemos que mesmo se tratando de três pessoas, em essência, temos um só Deus. Na economia da Trindade, o Pai é Deus, pensa e vive como Pai, assim também o Filho e o Espírito Santo, ainda assim, as três pessoas vivem em perfeita unidade e amor (Jo 1.18; Hb 1.3; 1Jo5.7).
            A Escrituras nos mostra que em todos os período da história da redenção, desde Noé a Jesus Cristo, Deus nunca deixou de relacionar com seu povo por meio de alianças. Diversas alianças foram feitas e registradas no Antigo Testamento, começando com Noé (Gn 9), Abraão (Gn 15), Moisés (Êx 19) e Davi (2Sm 23-5. Em todas elas, temos a promessa referente à “nova aliança”, que estaria sendo cumprida em Jesus Cristo com sua primeira vinda e consumado na segunda vinda (Jr 31.31; Ez 37.26; Lc 22.20; 2Co 3.6; Hb 8.8; 9.15; 10.15-18; 12.24).
            Por fim, dizemos que a teologia pactual é a revelação progressiva da obra redentora de Cristo. As promessas feitas no Antigo Testamento apontam para o Messias salvador, na nova aliança temos o cumprimento da profecia abraâmica. Nossa reconciliação em Cristo nos levará de volta ao jardim, esse, será eterno nos céus de glória (Gn 12.7; Gl 3.16; Cl 1.19).


3.    A relação da teologia do pacto com a eclesiologia
           

Antes de falarmos da relação que existe entra a teologia pactual e a eclesiologia, veremos duas abordagens referente ao que é igreja, uma na perspectiva dispensacionalistas clássicos, e outra na visão reformada.
            A visão dispensacionalistas clássicos vê a igreja como sendo dois povos distintos, um terreno e um celestial, o Israel, e entendem que as promessas feitas no Antigo Testamento não estão relacionadas ao ajuntamento da igreja de Jesus Cristo com povos de todas as nações, assim, interpretam que as promessas são para a um povo terreno e etnicamente distinto (Israel) que se cumprirá de modo literal na vinda do reino que segue a presente dispensação do evangelho.
            Contrário aos dispensacionalistas, a perspectiva reformada entende que após a queda de Adão todos ficaram sujeitos à maldição da lei e tornaram-se herdeiros de uma natureza pecaminosa e corrupta (Rm 5.20-21). Depois desse ocorrido, Deus instaura o pacto da graça e restaura a comunhão com seus eleitos, logo, não existe separação entre Israel e a Igreja, pois a promessa que foi feita a Abraão se cumpre em Cristo (Gl 3.16). A Igreja é o verdadeiro Israel de Deus (1Pe 2.9). O apostolo Paulo declara que Cristo é o único caminho para a salvação dos que creem nele, todavia, ele não elimina o propósito redentivo de Deus para os Judeus (Rm 1.16).
            Podemos perceber a ideia de igreja desde o princípio, quando Deus retorna ao jardim, ele monstra o primeiro ato de graça – vale lembrar que, Deus não tinha nenhuma obrigação de retornar ao jardim. Nesse momento, fica claro para nós que ele já havia decidido manter um pacto com o homem, e que essa decisão de retornar, implicaria no resgate de um povo. Mesmo depois da queda, ele dar sequência ao plano estabelecido desde os tempos eternos pelo Deus trino, em dar o seu Filho em resgate de sua igreja, “Com amor eterno eu te amei” (Gr 31.3).        
            A teologia pactual sempre se relacionou com a igreja. Quando Adão é expulso do jardim, Deus mantém seu pacto com o homem. Os indícios da nova aliança é visto no diálogo com Adão e Eva, Deus promete um “descendente que esmagaria a cabeça da serpente” (Gn 3.15). Com a morte de Abel, Eva dar à luz a Sete como substituto de seu irmão, dele, viria Noé, com quem Deus estabelece aliança e preserva sua família (Gn 6.18). Depois ele institue aliança com Abraão, requerendo dele obediência. (Gn 15.1-11; 17.2-4; Rm 4.11). Posteriormente, Deus lembra-se da promessa feita a Abraão e faz aliança com Moises, dar-lhe a lei no Sinai que sumariza sua vontade, e sob promessa, o povo é liberto do Egito (Êx 2.24-25; 19.5; 34.28, 24; Dt 7.6; 14.2). Por fim, em Davi temos as promessas messiânicas, em Cristo, a posteridade de Davi é estabelecida para sempre (2Sm 7.12-16; Sl 89.29).
            Em todas essas alianças somos informados que Deus preserva um povo. Seu pacto é imutável e seguro. O relacionamento de Deus em todas as alianças estrutura a história da redenção na qual a igreja está inclusa. A teologia pactual relaciona-se diretamente com a Igreja. Na nova aliança, a igreja é composta de um povo de todas as raças, tribos e nações, pois pela obra redentora de Cristo, fomos enxertados na videira, não havendo mais muros de separação, nessa aliança, todos são iguais (Gl 3.28-29; Rm 11.17; Ef 2.11-14; Hb 11.9-10, 13-17).
            A respeito das alianças feitas ao decorrer de toda história, Douglas Wilson refere-se da seguinte maneira.

Todas essas alianças foram um prelúdio pactual à vinda de Cristo. Os crentes não devem pensar em pactos ou contratos distintos através da história, mas pensar neles como sendo uma criança em crescimento, uma arvore frutífera, um botão que se abre em flor. Devemos entender a continuidade das alianças através das gerações. Essa continuidade é encontrada em uma única Pessoa e reflete o único propósito redentivo de Deus do início ao fim da história, sempre expresso por meio de aliança. O Senhor Jesus Cristo é o único Senhor da Nova Aliança agora (Hb 8.6), ele sempre foi o Senhor da Nova Aliança (1Co 10.1-13), e ele ministra os benefícios dela no decorrer de toda história (Hb 9.15). (WILSON, 2013, p. 42, grifo do autor).


            Quando atentamos para essas alianças, entendemos que em todo tempo a igreja foi preservada, no pacto eterno, Deus sempre manteve um povo que é dele. A igreja é mantida nesse pacto. Assim, ela deve dar testemunho que pertence a ele. A igreja segue observando a obra redentora de Cristo no exercício do tríplice ofício, e também exercendo os mandatos pactuais.
            A igreja está contida nesse pacto desde os tempos eternos, e dar testemunho quando exerce os ofícios de Sacerdote, Profeta e Rei. Não na mesma proporção que Cristo, mas ela segue o modelo estabelecido por Deus. Quando ela se reúne para oferecer culto a Deus, ela está exercendo os ofícios sacerdotal, profético e real. O desejo de ir ao para adorar, fazer e fazer súplicas exige disposição e sacrifício, isso, nos remete ao oficio exercido pelo sacerdote. Também, quando a igreja proclama a palavra de Deus ela está cumprindo a ordenança do Senhor Jesus, por meio da pregação, ela fala da parte de Deus para o povo “Ide e pregai” (Mt 28.19). Por fim, a igreja executa o ofício real quando ela permanece firme, dando testemunho da volta de Cristo, tendo a certeza que reinará com ele eternamente (2Tm 2.12).
            A teologia pactual entende que a igreja cumpre seu papel pactual, cumprindo os mandatos dentro de uma perspectiva bíblica. Quando a igreja desempenha o mandato cultural, ela deve exercer, pensando na “redenção do cosmo”, ou seja, ela deve saber que Deus lhes deu o domínio das diversas áreas para que tudo seja feito pensando na glória dele (1Co 10.31). Quando Deus cria o homem e o coloca no jardim, ele ordena que Adão trabalhe governando, desenvolvendo e preservando (Gn 1.28). Como esse mandato está intimamente ligado ao trabalho, devemos nos lembrar que, tudo que for necessário para o nosso sustento virá nos seis dias trabalhados, pois no sétimo, Deus ordena o descanso Êx 20.8-11) Assim, o trabalho é para a manutenção da vida e deve ser realizado sob a perspectiva de sujeição a ordenança divina.
            Com o mandato social, aprendemos que a organização familiar exige uma relação entre “macho e fêmea”. Desta união temos o casamento, onde é feito uma aliança inquebrável, dela serão constituído famílias e sociedades, assim, a igreja cresce com os filhos da aliança (Gn 1.28).  Sendo uma aliança inquebrável, no casamento, homem e mulher tornam-se uma só carne (Mt 19.4-5). O homem cumpre esse mandato amando sua esposa, a esposa sendo submissa a seu marido, os filhos obedecendo aos pais e os empregados sendo fieis aos patrões (Ef 5.22-23, 28; 6.1, 5-9). 
            Por fim, a igreja exerce o mandato espiritual mantendo comunhão com Deus. O “Dia do Senhor” deve ser um dia para a igreja deleitar-se nele. Quando a igreja de Deus se reúne solenemente para celebrar a Deus, ela deve se alegrar por todas as bênçãos dispensadas ao povo comprado e remido pelo sangue de Cristo. Quando Deus termina sua obra de criação, ele abençoa e descansa, deixando para nós um modelo (Gn 2.3).

Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera. Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou. (Gênesis 2.1-4).


            A teologia bíblica nos coloca dentro do mundo real das Escrituras, e por meio dela, somos instruídos a respeito da real história redentora, a qual foi sempre guiada pelo Deus Trino. Desde o princípio vemos o Espirito Santo atuando no mundo, trazendo ordem em meio ao caos (Gn 1). Depois, o homem é posto no jardim para governar nessa perspectiva do Gênesis, assim também a igreja, ela dar testemunho vivo da comunhão vivida entre o Deus Trino. A igreja é a comunidade de todos quantos foram reconciliados em Cristo, pois somente Cristo foi a cruz com esse objetivo, juntar gente de todas as nações para ser povo Seu (Ap 5.9).
            Foi por amor a igreja, que Cristo tabernaculou entre nós (Jo 1.14), ele veio restabelecer a comunhão perdida no jardim (Gn 3), como mediador e salvador, pagou um alto preço com seu próprio sangue, a fim de resgatar todos quanto fazem e farão parte de sua igreja (1Pe 1.19). A igreja sempre esteve nos planos de divino, ela é a noiva de Cristo, foi por ela que ele foi a cruz, tamanho amor para resgatar sua noiva amada, por ela, ele foi fiel até a morte, foi a ela a promessa de que as "portas do inferno não prevalecerão contra ela" e foi a ela também que Ele disse: "Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 16.18-20).
            A teologia pactual faz com que a igreja compreenda a natureza dessa doutrina, por meio dela, a igreja desfruta de unidade com Cristo e com seu próximo. Todo poder que a igreja possui vem de Cristo, ele é o cabeça da igreja (Rm 12.5), para que ela testemunhe dele, é o Espírito Santo quem a capacita na obra de unidade, pois mesmo havendo diversidade de membros, há unidade em Cristo Jesus.


4.    Aplicações da teologia do pacto para a família cristã


            Vivemos no tempo do subjetivismo, pluralismo, relativismo, reconstrucionismo e tantos mais “ismos”. A sociedade busca dar respostas a tudo, de um jeito que tudo seja “ressignificado” a fim de satisfazer a todos. Diante desses conceitos, a família cristã precisa ser direcionada as Escrituras e tomar conhecimento da dimensão do que é fazer parte da família do pacto. A família pactual tem os olhos fixados na Palavra de Deus e entende que precisa ensinar os conceitos bíblicos às novas gerações (Sl 78.4-7). Deus escolheu famílias para abençoar (Gn 12.3). A família do pacto sabe que foi adotada por Deus em Cristo para manifestar a sua glória (Gl 4.4-50)
            A percepção pactual de Deus com a família é vista desde a criação. Quando Deus cria o homem a “sua imagem e semelhança”, de Adão ele criou Eva, e dela procede toda humanidade, vemos então, um interesse da parte de Deus em manter laço de comunhão com o homem. Deus o criou diferente das demais espécies, a semelhança dele, para que houvesse um relacionamento (Gn 3.8). Deus modela o conceito de família a partir da comunhão mantida entre o Deus trino. De maneira muito inferior, a família consegue refletir essa relação trinitária.
            Quando Adão desobedece, a relação que ele tinha direta com Deus foi quebrada, como representante da raça humana, ele nos causou grande dano, fomos impedidos de nos achegarmos a Deus como antes, o relacionamento familiar com Deus foi quebrado (Gn 3.8) Todavia, Deus sendo fiel a ele mesmo, faz uma “Nova Aliança”, a aliança da graça é instituída com a promessa de um redentor, Cristo nele, nossa comunhão é restabelecida por meio de um representante a relação entre Deus e o homem foi restaurada (Gn 3.15; 1Jo 1.3).
            O espaço da família na teologia do pacto torna-se evidente quando cada membro da família cumpre seu papel a luz das Escrituras. A doutrina do pacto é fundamental para guiar as famílias cristãs no caminho que glorifica a Deus. Com ela aprendemos que o pai é representante da esposa e dos filhos. Em toda história, Deus constituiu famílias através da liderança paterna “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3) o homem é sempre colocado como representante de uma família, um povo ou tribo, esse é o padrão divino a ser seguido pelas famílias cristãs.
            Adão cai quando deixa de observar a ordem do Senhor “se comer do fruto morrerá”, assim, todo representante do lar deve estar atento as ordenanças do Senhor, amando sua esposa, e cuidando dos filhos. O casamento é um meio para Deus ser glorificado por meio de homens caídos. Douglas Wilson em seu livro Reformando o Casamento, diz que a união conjugal entre homem e mulher deve ser um reflexo da união de Cristo com a igreja.


Paulo nos ensina que devemos propositalmente pensar sobre nosso casamento como imagem imperfeita do casamento centra, o de Cristo com a igreja. Esse é um grande mistério, diz ele, mas quando um homem deixa seu pai e sua mãe e toma uma esposa, está fazendo uma declaração acerca de Cristo e a igreja (WILSON, 2012, p. 14).


            Diante disso, todo cristão que decide casar-se, deve ter em mente que seu casamento servirá para dar testemunho de Cristo, seja ele bom ou ruim. Deus fez homem e mulher, dando a ambos a fim de que a glória de Deus reflita neles.
            Observe que Deus cria pensando na família. Ele cria primeiro o homem, depois a mulher, macho e fêmea. Em meio a todo trabalho em dar nome aos animais, Adão percebe a ausência de alguém semelhante a ele, Deus dar-lhe uma auxiliadora idônea (Gn 2.23-24).  Ele cria Eva dependente do homem, pois ela foi tomada dele, da mesma forma, o homem sempre dependerá dela, pois todo homem virá de Eva (Gn 3.20). O jardim era um lugar de harmonia entre o homem, a mulher, a criação e Deus.
            O padrão divino para constituir uma família, é o homem unido à sua esposa em casamento, ambos se tornarão “uma só carne”. Essa é uma linguagem pactual, que reflete o compromisso de Deus para com os seus (Mt 19.4-6). Esse deve ser o modelo adotado por cada homem e mulher que desejar constituir uma família, pois não se trata de qualquer família, é a família do pacto.
            Deus projetou a família a um padrão que vai além da capacidade humana a fim de nos ensinar a dependermos da graça divina, é ela quem nos capacita a viver acima de qualquer habilidade que o homem possua, na dependência de Deus, homens e mulheres serão capacitados a revelar a bondade de Deus ao mundo.
            Quando olhamos para escritura e nos deparamos com as famílias de nossos dias, percebemos a disparidade existente entre o que Deus preconiza com a realidade presente, todavia, o padrão divino será sempre mantido, pois o Senhor não faz concessões dos seus decretos eternos, é o homem que deve se adequar ao padrão divino. A família do pacto revela interesse em cumprir os preceitos pactuais, ela deve estar apegada a palavra de Deus.
Cada membro da família deve reconhecer seu papel no lar, na igreja e na sociedade. O homem exerce seu papel no lar, amando sua esposa, cuidando dela, suprindo as necessidade físicas, materiais, emocionais e espirituais. Além do alimento e das vestes, o homem cristão deve reconhecer que suas reponsabilidades para com a sua esposa não se restringe ao físico, ele precisa suprir também as necessidade emocionais, dando-lhe atenção, amando-a, tratando com brandura, sendo o guia espiritual de sua mulher, ele precisa orar por ela e com ela, ele deve conhecer os inimigos espirituais a fim de lutar com as armas apropriadas para manter a comunhão no seu lar (Ef 6.10-18; Cl 3.19; 1Pe 5.8).
            O homem cristão é aquele tem capacidade de liderar e prover o que é necessário para seu lar. Cabe a ele, esses privilégios, exercer a função de líder, planejador e mestres de seus lares. Deus o dotou de autoridade para liderar em amor. O pai que ama seus filhos e sua esposa, assumirá o papel de provedor espiritual, social e cultural. Deus ordena que os pais ensinem seus filhos (Dt 6.4-9). Estes são privilégios de homens que estão debaixo do governo soberano de Deus e provedor do homem (Pv 10.4-5; 13.16). Para que o homem exerça sua função de marido e pai, é preciso que ele busque a sabedoria de Cristo, ele é o modelo de sabedoria e autoridade a todo homem cristão (Lc 1.30).
            A finalidade na geração de filhos é para que o homem cumpra o mandato pactual “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn1.28). Compete a ele, cuidar dos filhos, instrui-los no ensino e disciplina do Senhor. A educação cristã é uma parte importante na criação de filhos, requer tempo e energia com o aprendizado das Escrituras para então ensinar aos filhos da aliança, é esse o padrão divino. Deus deixou a educação de filhos sob a responsabilidades dos pais, em especial (pai), afim de que esse, eduque seus filhos a partir dos princípios escriturístico (Ef 6.4).
            O pai como representante do lar, cumpre o mandato espiritual guiando sua família nos caminhos do Senhor. O culto doméstico é um meio que deve ser utilizado pelas famílias afim de elas sejam instruídas a respeito da adoração ao Senhor. A família do pacto cria ambiente para que os filhos se desenvolva sua fé (Lc 2.39,40,52). Pais comprometidos com a palavra de Deus entendem que estão debaixo da graça, e que o amor de Deus estar sendo revelado em seus lares.
            A mulher exerce seu papel dentro da família como auxiliadora idônea (Gn 2.18) Auxiliar o marido não a inferioriza, pelo contrário, ela é colocada como cooperadora e companheira do homem. As diferenças não surgem com a queda. Deus os criou assim, com responsabilidades e funções diferentes. Enquanto o homem foi criado para ser o cabeça do lar (Ef 5.23), a mulher foi criada para ser mãe, nutrir e cuidar de seu lar. A masculinidade e a feminilidade complementam um ao outro assim como o Pai e o Filho se complementam.
            A mulher uma vez regenerada reconhece que faz parte da família do pacto. Ela sabe que seu maior legado é a glória de Deus, e todos ao seu redor percebe a diferença sendo refletida em sua vida familiar, cuidando de seu marido, sendo bom exemplo de mãe, contribuindo com a educação cristã dos filhos, instruindo-os segundo o evangelho de Cristo. A mulher cristã liberta pelo Senhor, mantém sua integridade, e é capaz de dizer a verdade em amor (Cl 1.13-14; 3.23; Ef 4.15),
            Os filhos tem também um papel fundamental a exercer dento da família pactual. Uma vez que foram instruídos pelos pais sobre suas funções. O papel dos filhos na família do pacto parte do pressuposto da obediência “filhos, obedecei vossos pais no senhor, pois isto é justo” (Ef. 6:1), assim como Deus obrigou aos pais instruir seus filhos “tu as inculcarás a teus filhos” (Dt. 6.7), os filhos devem obediência aos pais, pois isso implica em promessas (Êx 20.2; Ef 6.2). Os filhos da aliança devem ser sempre lembrados do ensino das Escrituras, mantendo-se fies a sã doutrina, fugindo das paixões da mocidade e deleitando-se na soberana vontade de Deus (2Tm 2.16-26; 3.14-15).



CONCLUSÃO


            Conforme aprendemos, a teologia pactual permeia toda a Escritura Sagrada. Ela nos faz enxergar a história redentora sendo aplicada do Gênesis a Apocalipse. A doutrina do pacto é central em toda Escritura, ela mostra a unidade da revelação bíblica. Ela revela o homem como transgressor da aliança com Deus, mas também nos mostra que desde os tempos eternos Deus providenciou um substituto, Cristo, o Messias, Redentor, Senhor e Salvador.  
            Vimos que no decorrer da história Deus faz alianças com o homem, começando com Adão, preservando com Noé, fazendo a promessa do descendente a Abraão, depois, a Lei é entregue a Moisés e por fim, a nova aliança com Jesus Cristo. Olhando para as Escrituras na perspectiva pactual, nos deparamos com a imutabilidade dos decretos divinos. O fato de Adão pecar não fez com que Deus mudasse seus planos, ele manifestou graça e misericórdia enviando seu único Filho para cumprir e satisfazer a justiça divina, Cristo se fez pecado em nosso lugar, e nele, fomos justificados de nossos pecados (2Co 5.21; Gl 3.13).
            A obra redentora Cristo realizada na cruz do calvário nos proporcionou a remissão de nossos pecados, a redenção da nossa alma, a justificação das nossas culpas, e o direito de mais uma vez falar com Deus. Essa doutrina revela a história do amor divino sendo manifestado para com seus eleitos. Deus entrega Seu único Filho para morrer em favor de sua igreja, Cristo morre por amor a sua noiva amada, é seu amor que a mantém firme, sendo restaurada e adornada para o encontro eterno com o noivo (Ef 5.27; Ap 21.2).


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[1] Estudante do Curso Bacharel em Teologia pelo Stec Caruaru – Seminário Evangélico Congregacional – Extensão santa Cruz do Capibaribe/PE.