Perseverança dos Santos





A doutrina da PERSEVERANÇA DOS SANTOS não mantém que todos que professam a fé cristã estão garantidos para o céu. São os santos – os que são separados pelo Espírito – os que perseveram até o fim. São os crentes – aqueles que recebem a verdadeira e viva fé em Cristo – os que estão seguros e salvos nEle. Muitos que professam a fé cristã caem, mas eles não caem da graça, pois nunca estiveram na graça. Os crentes verdadeiros caem em tentações e cometem graves pecados, às vezes, mas esses pecados não os levam a perder a salvação ou a separá-los de Cristo. A Confissão de Fé de Westminster diz o seguinte a respeito dessa doutrina: “Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem decair no estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos” (XVII, 1).

Boettner certamente está correto em afirmar que “essa doutrina não se manifesta isoladamente, mas é uma parte necessária do sistema calvinista de teologia. As doutrinas da Eleição e da Graça Eficaz implicam logicamente na salvação certa daqueles que recebem essas bênçãos. Se Deus escolheu homens de modo absoluto e incondicional para a vida eterna, e se o Seu Espírito efetivamente aplica-lhes os benefícios da redenção, a conclusão inevitável é que essas pessoas serão salvas” (op. cit., p.182).


A BÍBLIA E A EXPERIÊNCIA CRISTÃ NÃO COMPROVAM A APOSTASIA?

Se o salvo não pode cair do estado de graça, e perder a salvação, como é que vemos pessoas que professam a fé cristã se afastarem do evangelho? Não há exemplos, na própria Bíblia, de pessoas que perderam a salvação? Não; não há. O que temos que reconhecer, é que a profissão de fé cristã, sim, pode ser apenas aparente. Ninguém, a não ser o Senhor, conhece o coração do homem, que é enganoso. As palavras de Jeremias servem de alerta: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá? ” (Jr 17:9).

Só Deus esquadrinha o coração e prova os pensamentos. Só Ele sabe com certeza absoluta o estado espiritual de alguém. A aparente piedade pode esconder um coração não regenerado. Um cooperador na obra apostólica pode ocultar um coração amante do mundo. A aparência de ovelha pode não passar de um disfarce que oculta lobos vorazes. Alguém aparentemente muito ativo e que demonstra muito poder espiritual pode ser um total desconhecido de Cristo. Portanto, não nos deixemos enganar, os que apostatam não se apartaram da graça salvadora, mas da graça comum da influência evangélica, pois nunca se converteram realmente.


QUAIS SÃO OS FUNDAMENTOS DESSA DOUTRINA? (Por Hernandes Dias Lopes)


1. “A eterna eleição divina”

A Bíblia diz que Deus nos escolheu em Cristo antes dos tempos eternos. Não fomos nós quem escolhemos a Deus, mas ele quem nos escolheu. Ele nos amou primeiro. Sua escolha é soberana, livre e incondicional. Deus não nos escolheu por causa da nossa fé, mas para a fé. Ele não nos escolheu por causa da nossa santidade, mas para a santificação. Ele não nos escolheu por causa das nossas boas obras, mas para as boas obras. Ele não nos escolheu por causa da nossa obediência, mas para a obediência.


2. O chamado eficaz de Deus

A todos quantos Deus elege, ele chama e chama eficazmente. Toda ovelha de Cristo ouve a sua voz e o segue. Todo aquele que o Pai dá a Jesus, esse vem a ele. É a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento. A fé salvadora é dom de Deus. É o próprio Deus quem abre o nosso coração para crermos em Cristo. Somos gerados pela divina semente e nascidos de cima, do alto, de Deus, do Espírito.



3. A justificação pelo sangue de Cristo

Quando depositamos nossa confiança em Cristo, somos declarados justos aos olhos de Deus. A justificação é um ato legal e forense. Somos declarados justos junto ao tribunal de Deus em virtude do sacrifício perfeito e eficaz de Cristo em nosso lugar e em nosso favor. Cristo morreu a nossa morte. Ele levou sobre si o nosso pecado. Ele rasgou o escrito de dívida que era contra nós. Agora já nenhuma condenação há mais para aqueles que estão em Cristo Jesus. Estamos quites com as demandas da lei, visto que a condenação que devia cair sobre nós foi lançada sobre Jesus na cruz e a plena justiça de Cristo foi depositada em nosso favor.



4. O selo do Espírito Santo em nós

Quando cremos no Senhor Jesus somos regenerados pelo Espírito e selados por ele como propriedade exclusiva de Deus. Tornamo-nos habitação de Deus, templos do Espírito Santo. Ninguém pode violar essa propriedade que Deus comprou com o sangue do seu Filho. Ninguém pode nos arrancar das mãos daquele que deu sua vida por nós. Estamos seguros em Deus. Ele é a nossa cidade refúgio.


5. A intercessão permanente de Cristo em nosso favor

Temos dois intercessores na Trindade: O Espírito Santo intercede em nós e Cristo intercede por nós junto ao trono da graça. O primeiro é o intercessor existencial, o segundo é o intercessor legal. Ele pode nos salvar totalmente porque morreu por nós, ressuscitou para a nossa justificação e está à destra de Deus Pai intercedendo em nosso favor. Ele é o nosso grande Sumo Sacerdote.

Estes argumentos supramencionados provam-nos de forma incontestável que a segurança da nossa salvação se fundamenta em quem Deus é e no que ele fez por nós e não no que fazemos para ele. Tudo provém de Deus e a glória deve ser tributada só a ele.”

A palavra preservação enfatiza o fato que, por causa do poder e graça de Deus, os crentes não podem perder sua salvação. Deus preserva o seu povo (Sl. 37:28: Jr. 32:40; 1Pe. 1:5). O motivo dos crentes não perderem sua salvação não é devido à sua obediência, fidelidade e esforços, mas somente à graça de Deus, que nos guarda e protege de apostatar. O que, então, Deus preserva? Ele preserva a nova vida da regeneração que estáneles, como a semente de toda a sua salvação (1 João 3:9).

Ao preservar isso, ele também preserva a fé e obediência deles, de forma que continuam a crer e a guardar os mandamentos de Deus, embora imperfeitamente. Colocando de uma forma mais simples: Deus preserva sua obra de graça em seu povo (Sl. 90:17; Sl. 138:8; Fp. 1:6). Deus não preserva a carne e as obras da carne! No crente a carne, suas obras, e seu domínio devem ser destruídos (Gl. 5:24). O crente não deve desejar preservar tais coisas, nem tentar preservá-las. Faremos bem em lembrar que de acordo com essa doutrina, são os eleitos de Deus quem são preservados. Ele os preserva porque os escolheu em Cristo (Ef. 1:3, 4, 11).

Contudo, os eleitos não são preservados à parte da fé. A fé é sempre o caminho, embora nunca a razão, da salvação. 1 Pedro 1:5 ensina que os crentes são “mediante a fé…guardados na virtude de Deus para a salvação”. Do que, então, são os crentes preservados? Eles não são preservados da tentação, da fraqueza ou de cair em pecado. Quão importante é lembrar isso! Os crentes não são preservados de cair, mas de cair definitivamente; não da tentação, mas de serem destruídos pela tentação; não do pecado, mas do pecado para morte. Devido inteiramente à fraqueza e pecaminosidade deles, os crentes podem e de fato caem em tentação e pecado. Mas o Salmo 37:24 nos assegura: “Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o SENHOR o sustém com a sua mão”.


VERSÍCULOS SOBRE A PERSEVERANÇA DOS SANTOS


Dt 30:6/Jr 32:4/Ez 36:27/ Jo 5:24/ Jo 6:39-40/Jo 10:26-29/Jo 14:3/ Jo 17:12/ Rm 5:17/Rm 8:28-30,39/ Rm 11:25-29/Rm 14:4/ Rm 16:25/1 Co 1:8-9/1 Co 10:13/2 Co 1:22/ Fp 1:6/ 2 Tm 1:12/ Hb 6:17-20/Hb 10:14,23/Hb 13:20-21/1 Pe 1:1-9/ 1 Pe 5:10/1 Jo 2:19


FONTES DE PESQUISA:

( I ) Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko,Reformed Free Publishing Association, p. 210-11.

(II) Monergismo

(III) CONFE – Aplicativo para Android

(IV) Teologia Brasileira


SOLI DEO GLORIA


Fonte do Estudo. CruzGenuina