Que salvou um
miserável como eu!
Uma vez eu estava
perdido, mas agora fui encontrado, Estava cego, mas agora eu vejo.
Foi a graça que
ensinou meu coração a temer,
E a graça aliviou
meus medos;
Como preciosa essa
graça apareceu,
A hora em que eu
acreditei!
Através de muitos
perigos, labutas e armadilhas, Eu cheguei;
a graça que me trouxe
em segurança até o momento, E graça vai me levar para casa.
O Senhor prometeu bom
para mim,
Sua palavra assegura
a minha esperança;
Ele será meu escudo e
porção será,
Enquanto a vida dura.
Sim, quando esta
carne e coração se falhar,
E a vida mortal,
cessará,
Eu devo possuir,
dentro do véu,
Uma vida de alegria e
paz.
A terra em breve se
dissolverão como a neve,
O sol deixar de
brilhar;
Mas Deus, que me
chamou aqui em baixo,
Será para sempre meu.
John Newton, Olney
Hymns (London: W. Oliver, 1779)
No século XVIII, um
período em que a escravidão ainda era um mal praticado em muitos países, uma
travessia de um navio que exportava escravos seria palco de inspiração para uma
das canções mais lindas do mundo, Amazing Grace; linda porque professa o poder
da graça dado a um pecador perdido.
John Newton, filho de
uma cristã (Elizabeth Seatclife), nascido na Inglaterra em 1725, foi partícipe
do tráfico de escravos e conduzia navios nesse comércio. Apesar de sua mãe ser
cristã, não há indicativos que ele compreendia o que seria/é a graça de Deus.
As pessoas escravizadas eram tratadas como objetos de troca para itens de
vestuário, especiarias ou outras aquisições, às vezes eram “negociados” pelos próprios
chefes de suas tribos, ou, na maioria das vezes, advinda da subjugação de uma
nação ou das perdas em confrontos de guerra. Além de serem arrancadas de suas
terras natais, elas não podiam cantar ou falar nas embarcações, apenas os
sussurros eram permitidos, uma condição que fere à dignidade da pessoa humana.
Em uma dessas
viagens, Newton passou por uma tempestade forte, capaz de comprometer todas as
vidas ali presentes, inclusive a sua, e ele compreendeu, no meio desse caos,
que somente Deus e Sua graça poderiam salvá-los. Essa mudança não apenas o
aproximou de Deus, como também o fez abandonar esse segmento. Seu local
discursivo e social mudaram, de participante, passou a defender o fim do
abolicionismo em solo britânico.
Essa canção foi
impressa pela primeira vez em 1779. O seu teor inspiracional influenciou o
abolicionista protestante William Wilberforce, que pleiteou a causa até
conseguir a aprovação do Ato Contra o Comércio de Escravos, promulgado em 1807;
a história foi retratada no filme “Amazing Grace”, que no Brasil recebeu o
título “Jornada Pela Liberdade”. A música está fortemente enraizada nos
hinários protestantes e recebeu muitas adesões em várias partes do mundo, até
no cinema foi instrumentalizada ao fim do filme Batman versus Superman: A
Origem da Justiça.
Somente alguém que
compreende que estava imerso no lodo, no charco, que passa a ver realmente como
era a sua natureza depravada, passa a amar e se agarrar na graça. A graça tira
escamas dos nossos olhos, a graça arranca a crosta de orgulho que bloqueia que
enxerguemos aquilo que realmente somos: pecadores. Essa graça nos salvou
“mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tito 3.5),
essa graça tem nos guiado à salvação, essa graça nos resgatou do naufrágio que
naturalmente teríamos passado, pois, nós também em outrora estivemos
mergulhados em nossos delitos e pecados, conforme o curso desse mundo (Efésios
2:1-2); são verdades fortemente expressas no conteúdo dessa canção.
Sola Gratia!
Lariane Santos
Data de acesso 15/05/2018, 13:13h.